Os golpes, de acordo com os advogados, consistem na atuação de estelionatários que se passam por advogados e se dizem representantes de escritórios de advocacia para praticar os crimes.

Em entrevista à Rádio Clube de Lages, na manhã desta segunda-feira (5), a vice-presidente da OAB Lages, Maeve Jasper Zappellini, e o secretário-geral, Gabriel de Oliveira Antunes, alertaram a população sobre golpes que clientes de advogados vêm sofrendo.

Os golpes, de acordo com os advogados, consistem na atuação de estelionatários que se passam por advogados e se dizem representantes de escritórios de advocacia para praticar os crimes.

Para a prática criminosa, entre as formas de obter informações, os estelionatários acessam os processos (que são online e públicos) nas bases de dados dos tribunais, podendo obter dados pessoais.

Com as informações, utilizam-se de meios como o WhatsApp para extorquir essas pessoas, pedindo que realizem pagamentos, dizendo que são custas processuais, pagamento a peritos ou outras taxas relativas aos processos, e que, somente após esses pagamentos, terão a liberação e o recebimentos dos direitos reivindicados.

A Dra. Maeve Zappellini, que já teve clientes nessa situação, disse que os golpes vêm acontecendo há algum tempo e alerta que os escritórios não enviam esse tipo de cobrança. “A solicitação de pagamento, como se fosse para perito judicial é uma forma de fazer com que o cliente emita um pagamento em nome de terceira pessoa, que não é do advogado, nem do Tribunal. As cobranças, via de regra, devem ser feitas de forma presencial ou por videochamada, nunca por WhatsApp”, alertou.

Ela ainda chama a atenção para o fato de que esses criminosos se utilizam de recursos como a foto do advogado e até da sua família. “Eles são extremamente convincentes. Já iniciam a conversa dizendo que o número do telefone mudou. Isso é um alerta. Além disso, não é praxe a cobrança antecipada de taxas para a liberação de um alvará ou de precatório, por exemplo.”

Outro alerta são as situações de emergência levantadas pelos estelionatários em contato com os clientes. Dra. Maeve Zappellini reafirma que não deve existir a situação de emergência para pagamentos judiciais. E que há um prazo mesmo, que seja para antecipação de honorários periciais ou custas judiciais, e que os pagamentos, via de regra, estão em nome do Tribunal. Segundo ela, caso o destinatário seja outro, pode ser um sinal de golpe.

Dr. Gabriel Antunes contou que a OAB recebeu demandas de advogados na última semana e que o valor dos golpes ultrapassa os R$140 mil, apenas de uma advogada. “A orientação é que, caso a pessoa caia em um golpe, deve entrar, imediatamente, em contato com seu advogado para que este acesse o processo e possa, dentro do sistema dos tribunais, verificar outras pessoas que tenham entrado no sistema e visualizado o processo. Essa informação será disponibilizada para o cliente, que deverá registrar um Boletim de Ocorrências. Aqui, em Santa Catarina, a pedido da OAB, foi criada a Delegacia de Crimes Virtuais, justamente para a investigação desse tipo de crime, e já tivemos êxito em localizar quadrilhas no Rio de Janeiro que estavam aplicando esses golpes.”

O advogado reforçou, que em caso de constatação de golpe, a importância de entrar em contato com o advogado, que deverá entrar em contato com a OAB, a qual tomará as providências na tentativa de localizar os responsáveis pelo crime. “Não há garantias de reaver o dinheiro, mas é importante essa busca pelos criminosos que devem ser punidos.”

Ouça a entrevista.